sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Em busca do Planeta Perdido


Marte, Vênus, Júpiter... Não me identifico com nenhum destes planetas! Confundem-me com terráqueos, mas tenho certeza que não sou daqui. No planeta que procuro, ainda moram seres humanos, pessoas de verdade, que não sentem de mentirinha. Não é esta Terra povoada por máquinas e produtos ambulantes a órbita que eu escolhi para viver: por isso, estou em busca do Planeta Perdido.

Lá, beijos não são encarados como fontes inesgotáveis de prazer efêmero, mas sim vistos como carícias ternas entre duas pessoas que pretendem se conhecer muito além dos lábios. Na Terra que vislumbro, relacionamentos são construídos com tranqüilidade e dedicação. Constroem-se pontes sobre as dificuldades, ao invés de se permitir que a altura delas nos leve ao chão. O amor não é enxergado como um impedimento ao prazer nem a bebida roubou a lucidez de seus habitantes. Alô, alô, aqui quem fala é humano... Alguém sabe de que reino estou falando?

No Planeta Perdido, políticos não caminham pesados porque carregam milhares de dólares nas cuecas e dezenas de pesos na consciência. O governo é um reflexo da sociedade que é regido por ele, e vice-versa. Nem prefeitos roubam o dinheiro dos impostos, nem cidadãos vendem o voto. Pais ainda respeitam os filhos, que, por sua vez, ainda sabem respeitar os pais. Homossexuais não são chamados de aberrações nem mulheres são condenadas a vender o sexo para comprar a janta. No espaço que procuro, vale o que somos e não o que estamos vestindo.

Por favor, se alguém souber quando partirá o próximo foguete para o Planeta Perdido, não deixe de me avisar. Quero levar para lá uma foto desta Terra, devastada pelas queimadas do egoísmo, poluída pelos tóxicos do sexo gratuito, onde falta oxigênio para respirar o ar puro dos sentimentos sinceros. Assim, com um bom exemplo em mãos, poderei apontar aos habitantes que se salvaram um modo de NÃO levarem suas vidas. Com a prova do crime, conseguirei evitar que novos inocentes sejam condenados à cruz sem antes conhecerem a beleza do caminho.

Há quem me pergunte se o Planeta Perdido existe mesmo, se este não será mais um fruto dos meus devaneios. Mas, ainda prefiro acreditar que ele só está perdido porque nós deixamos de encontrá-lo, que essa Terra sonhada não existe apenas porque nós deixamos de construí-la. Sendo assim, na Lua ou em qualquer parte do Sistema Solar, há sempre um Planeta Perdido dentro de nós. Basta a luz de uma estrela para acendê-lo.

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