Porém, há um aspecto que admiro dentro dos gramados: dificilmente os jogadores desistem de uma partida enquanto a bola ainda está em campo. O jogo pode estar difícil e as chances de vitória serem mínimas, mesmo assim, os atletas disputam na raça até o fim. Como resultado, muitas vezes eles obtêm um placar muito melhor do que o esperado. Nós também seríamos mais vencedores se não desistíssemos de nossos objetivos antes do apito final.
Vivemos constantemente em uma partida, driblando outros candidatos àquela vaga de emprego, chutando pra escanteio amores que não nos fazem bem, fazendo falta em pessoas que nos amam e fitando os problemas, mandando-os para o espaço com um belo pênalti.
Acontece que muitas vezes desistimos antes do jogo chegar ao fim, o que acaba fazendo com que a gente não tenha direito nem a prorrogação. Deixamos de aproveitar o tempo que nos resta e acabamos desperdiçando valiosos minutos de nossos dias. No gramado da vida cada minuto pode ser decisivo.
Enquanto o cronômetro estiver rolando, o estudante que está com notas baixas ainda pode se recuperar, a moça que passa por um problema ainda pode superá-lo, o jovem envolvido com drogas ainda pode vencê-las, a mulher que está em depressão ainda pode se curar. Quase sempre nossas desistências desacertadas tiram de nós a sensação de gritar “gol” e nos arrancam a euforia daquele momento, transformando o que poderia ser festa em um verdadeiro marasmo. Desistir antes da hora é muita perda de vida.
Os gramados por aí estão cheio de ótimos jogadores e, pra piorar, de vez em quando topamos com alguns juízes que não vão muito com a nossa cara. Sempre somos capazes de virar o jogo e, como todo mundo sabe, de virada é mais gostoso. Enquanto a partida ainda estiver acontecendo, enquanto a bola ainda estiver em campo, só não vale perder pra si mesmo.