sábado, 21 de novembro de 2009

Ainda gosto dela

Faça uma pesquisa entre os seus amigos e constate: onze entre dez deles já sofreram com a tão famosa dor de cotovelo. É cientificamente comprovado (isso é por minha conta). Pode testar que é batata.

Todos nós já sofremos algum dia com o fim de um amor. Não importa quanto tempo tenha durado: o grau de envolvimento é que define a intensidade da dor que sentimos quando um relacionamento cruza a linha de chegada. O pior é quando nos damos conta de que mentiram para nós durante a vida toda: quase nunca o amor passa. Ele fica.

Faz um ano que eles não estão mais juntos. Assim que terminaram, a amiga disse para ela: “Relaxa, menina. Isso passa”. O tempo passou, mas o amado não. Quando ela pensa em alguém, é por ele que ainda fecha os olhos, imaginando tudo aquilo que não foi vivido. O que lhe dói não é o passado; é o futuro que lhes foi confiscado. Dói tudo quanto não puderam conhecer juntos, as passagens compradas para o carnaval que não foram utilizadas, o vestido lindo que ele não viu em seu corpo. Dói o que ficou para trás sem nem ter vindo pela frente. E aí, ela constata: “Ainda gosto dele”.

Vivemos experimentando novos olhares, conhecendo outros amores, pensando na possibilidade de nos envolver novamente, mas, quase sempre, amamos verdadeiramente alguém que já não está mais em nossas vidas. Somos felizes deste modo, no entanto, bem lá no fundo sabemos que seríamos muito mais se essa pessoa ainda estivesse por perto. De vez em quando, nos surpreende a saudade de quando ríamos do ridículo juntos e, fatalmente, constatamos: “Ainda gosto dela”.

Quando nos damos conta dessa realidade, logo começamos a tramar o início de uma relação para deletar o ex, que ainda é atual em nosso coração. Mas, não tem jeito: essa verdade encoberta por experiências que forjamos para legitimar nossa farsa é um processo que nos prende ainda mais ao amor “antigo”.

Decretar o fim de um amor é atestar também um pouco do nosso próprio fim. É o arremate de uma história onde gostaríamos de inserir mais parágrafos, mas que por falta de vírgulas, encerramos com um drástico ponto final.

O que termina fora de nós sem a nossa concordância só encontra descanso quando o “the end” é colocado onde realmente importa: dentro.

5 comentários:

  1. eu assumo, EU CHOREI enquanto lia.
    nem tenho o que dizer, você sabe aonde meu "calo aperta" né

    adorei (L)

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  2. como você mesmo disse mano,
    eu tinha que ler né ?
    uaheueahueahae ..
    cara, ..
    realmente dói quando paramos pra pensar,
    mas agora ja passou e temos que continuar em frente e ver que o mundo nao gira a nosso favor e que se aconteceu é porque tinha que acontecer
    me emocionou ? com toda certeza ..
    os olhos encheram d'água mas ao invez de ficar pensando no futuro que nao aconteceu e me chatear com isso, eu fico pensando sobre o passado que ja aconteceu .. e fico feliz de saber que vivi momentos incriveis e que vou levar pra vida toda ao lado de uma das pessoas mais especiais que eu ja conheci na vida !
    e fico muito mais feliz de saber que vou levar essa amizade pro resto da vida ! :D~
    ser feliz é o objetivo, então focaliza e mete bronca!
    o destino não erra ..
    tudo a seu tempo é o está reservado a nós,
    muitas vezes a gente quer fazer tudo correndo pra tentar agilizar mas nem sempre é certo ..
    porque adiatar demais o futuro, qndo diz respeito a relacionamento pode ocasionar no termino dele antes da hora ;)~

    a crônica ficou IMPECAVEL
    tava com saudade de comentar aqui ^^
    se cuida mano :D

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  3. muiiito bom o texto, uma coisa é certa todos ja sofreram com dor de cotovelo e quem ainda não passou por isso um dia vai passar FATO.

    Realmente é dificil esquecer quem amamos
    e muitas vezes tentamos em cima de um novo namoro conserta os erros que teve com seu ex, muitas vezes isso é uma burrice, por quem ninguem é igual a ninguem então as vezes o que não agrada seu ex pode agradar o atual, enfim o melhor é sempre começar um relacionamento sem passar nos seus relacionamentos passados.

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  4. Nossa concordo com a C, Paola.. "nem tenho o que dizer"...
    o que vc escreve costuma ser o tamanho que visto.. que sinto...
    E como nos cometarios acima.. nao tem como ler sem que venha um filme na cabeça, e lagrimas nos olhos...

    "O pior é quando nos damos conta de que mentiram para nós durante a vida toda.." ou quando nos damos conta que mentimos para nos msm durante a vida toda ne.... o que sera pior?! rsrrs

    Amei !! Perfeito!!!

    Adoro vc... com ou sem seus textos magnificos

    (Bárbara Terra)

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  5. Lindo!
    Impressionante como toca fundo e encaixa perfeitamente bem..
    Parabés Felipe..

    Mônica Alves

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