quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Que eu esteja numa boa

Alanis Morissete é uma cantora e compositora que vem conquistando fãs pelo mundo inteiro – sem dúvidas, eu sou um deles. Suas canções delicadas, interpretadas por uma voz extremamente encantadora e sensível, são verdadeiros tesouros do mundo da música contemporânea.

Entre seu vasto repertório de músicas boas, existe uma que me chama mais atenção. “Que eu esteja numa boa” é uma composição que soa como uma prece de alguém que deseja manter-se equilibrado entre os altos e baixos do caminho, que repercute como um pedido de uma pessoa a si mesma.

“Que eu esteja numa boa, com ou sem você”. Este é o último verso da música. Olhando pra dentro, suplico: que eu esteja numa boa.

Que eu esteja numa boa, mesmo se o telefone não tocar, se o celular não vibrar, se o e-mail não chegar. Que eu não me desespere quando estiver sozinho em casa em um domingo à tarde, quando os amigos não puderem vir, quando a música calar o ritmo... Que eu seja capaz de suportar a minha própria companhia de vez em quando.

Que eu esteja numa boa, ainda que meus bombeiros não percebam que estou incendiando por dentro e se esqueçam de ajudar a apagar o que em mim me arrasa e destrói. Que as cinzas do fogaréu sejam respeitadas como memórias póstumas do que já não existe, mas não encaradas como lamentos de um futuro que não virá. Que a fumaça do incêndio não me tape os olhos para o essencial contido na sinceridade de um abraço, na verdade das palavras.

Que eu esteja feliz, mesmo se os problemas não forem resolvidos da maneira como eu gostaria. Que eu aprenda com a matemática da vida a somar o aprendizado dos amores passados, a diminuir as mágoas do coração, a multiplicar sorrisos sinceros por aí e a dividir o colo, a entrada para o cinema, o edredom quentinho em uma noite fria. Que eu fique em paz, mesmo se não estiver bem. Que eu não desista dos outros; que eu não desista de mim.

Que eu esteja numa boa quando a tempestade varrer as antenas que transmitem meus sinais para mundo e, sendo assim, eu ficar incomunicável. Que eu seja capaz de religar os fios, de arejar o sistema e de voltar a irradiar o que verdadeiramente. Que cada estação do meu calendário seja respeitada e vivida honestamente. Que os personagens fictícios estejam mais na TV do que em mim, mas que meus heróis e vilões também dêem as caras um dia ou outro. Que eu não deixe de andar, mesmo que seja devagar.

Que eu esteja numa boa quando tudo desmoronar, pois é preciso reconstruir; que eu esteja numa boa quando a alegria pintar por aqui, pois é preciso saber recebê-la; que eu esteja numa boa quando me perder, pois é preciso cuidado para não deixar de ver o caminho. Que eu esteja numa boa, mesmo que a sala esteja vazia; que eu esteja numa boa quando a vida parecer escura e só eu puder iluminar.

De vez em quando, é importante que possamos ouvir nosso auto falante interior, percebendo assim o que nossa própria voz está realmente dizendo. Exponho as minhas vaidades. O que calo e sinto é que é verdade.

4 comentários:

  1. ' o que calo e sinto é que é verdade '

    ouça Hand in my Pocket da Alanis mesmo, é a minha preferida dela
    e nao force estar sempre bem, às vezes ficar mal ajuda na reconstrução

    saudades ;*

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  2. ah, você sempre arrasa.

    'Exponho as minhas vaidades. O que calo e sinto é que é verdade'. adorei Felippe :)

    beijo

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  3. como sempre.. perfeito

    falou de tanta coisa presente nas nossas vidas lippe, que são pequenas, mas muito nescessaria pra essa mania de ser feliz que todo ser humano tem né?

    e se inspirou na alannis.. que lindo *.*

    A D O R E I

    beijoo
    te adoro gato!

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  4. Ahazou literalmente cunhado, já sou sua fã, e convenhamos ne alines é perfeita, sua voz e suas letras são extremamente incomparáveis:D

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