segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O deus do possível

Existe um deus que me acompanha, entretanto, não sei se é o mesmo limitado por tantas igrejas, racionalizado por tantos líderes, aprisionado em tantos espaços físicos. O deus em que acredito ainda não foi capturado.

O deus que me acompanha não se chateia com o fato de eu estar escrevendo o teu “nome” com letras minúsculas. Acredito até que ele prefere ser encontrado através de formas tão “pequenas” quanto estas letras: no colo, no silêncio, no barulho, no abraço. Para o deus que é meu amigo, só vale o que se está sentindo. O deus em que acredito ainda não foi dimensionado.

Aliás, o deus em que acredito não é mudo: fala sempre comigo na voz de um amigo, numa música que toca na hora certa, num vento que sopra inesperadamente, na consciência que me acusa ou consola. Sua face não está escondida, ao contrário, está escancarada: basta um olhar aguçado para percebê-la estampada no rosto do outro. A graça do deus que me abençoa ainda não foi limitada.

Não conheço este deus punitivo e rancoroso do qual falam muitas igrejas, pois o que convive comigo não é assim. É óbvio que ele tem posturas duras e severas como qualquer um que ama, que me deixa sozinho de vez em quando no cantinho escuro para refletir melhor, mas nunca me abandona nem joga minhas culpas na minha cara. O deus que está no meu dia a dia sabe que a cruz pesa aonde tem que pesar: dentro. O perdão do deus que me acompanha ainda não foi financiado.

O deus que me ama é tão onipotente quanto o dos outros, entretanto, demonstra toda esta força na compreensão das diferenças. Se dá liberdade para que assaltantes matem pais de famílias, se permite que jovens se envolvam com drogas, se deixa que catástrofes naturais aconteçam e dilacerem milhares de corações, como poderia ser injusto ao ponto de limitar nosso prazer, a libido que nasce com a gente e se desenvolve livre, se assim nós permitimos? Como poderia ser cruel ao ponto de proibir que gozemos de prazeres saudáveis da vida, como uma festa, um cinema, um filme? O amor do deus que vive comigo ainda não foi subestimado.

Aliás, o deus da minha vida também é onipresente: está em todos lugares, até onde pode parecer que não o levo. Está comigo quando viajo, vai por dentro quando vou pra balada, no olhar quando estou com amigos, está até no gingado da minha dança. É tão onipresente que não tem limites: está nas festas tanto quanto nas igrejas, nas prisões tanto quanto nos cultos, nas praças tanto quanto nas missas. O deus que está presente aqui ainda não foi cercado.

Enfim, o deus que eu amo e que me ama também, do jeito que sou, sem quantificar nem racionalizar nada, é, acima de tudo e sobretudo, o deus das coisas mais possíveis: um cheiro imortal, um instante que permanece alheio ao tempo, uma palavra inesquecível que permanece intocável, a conversa antiga que permanece eterna. Só consigo imaginar e amar um deus assim: possível de existir dentro de mim.

3 comentários:

  1. Amigo, o nosso Deus é tão maravilhoso que lhe fez nascer com seu sorriso, seu jeito que apenas um olhar ja basta pra nos sentirmos bem

    te amo amigo parabéns !

    Papaula

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  2. sabe que de uns tempos pra cá eu venho conversando bastante com Deus, parece que ele é o unico que consegue escultar tudo o que eu tenho pra falar sabe, bom .. temos que ter nosso lado espiritual,independente de religiões, com certeza, porque senão fica mais difícil encontrar algumas respostas né.

    adorei essa eim,
    saudades (L)

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  3. Deus...
    nao se encontra nas indagaçoes e sim nas explicaçoes...O meu anda comigo tb, independente de triste ou alegre, de querer ele ali ou nao, pois ele escuta meu S2!!

    Ha lipe mt lindo isso que vc escreveu sobre Deus... Cada um tem ele dentro da sua forma e da sua maneira, Deus nao era uma regra a ser seguida, ele era sim o diferencial a exceção...

    Amei!! mt bom!!
    Adoro-te
    bjim ;**
    "Bárbara Terra"

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