terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Aniversário da sua ausência

É engraçado como a vida, às vezes, é irônica: nós não chegamos a completar um ano de namoro, mas essa semana fez um ano que terminamos. Quando utilizo o verbo “terminar” para caracterizar o desfecho de nosso relacionamento, estou sendo coerente, afinal de contas, depois disso eu também terminei um pouco comigo mesmo. Algo dentro de mim ficou sem contorno desde aquela noite em que você me disse “adeus”.

Você se foi sem deixar pegadas que me permitissem encontrá-lo, se despediu sem nem ao menos olhar pra trás e ver o que deixava – que me deixava. Você partiu e fui obrigado a retirar minhas mãos do seu rosto, quando, na verdade, elas desejavam permanecer ali. Você soltou da minha mão, no entanto, se esqueceu de largar também o meu coração, que acabou indo dentro da sua mochila.

Esta é a primeira vez que falo de você assim, abertamente, sem inventar um personagem para dar voz aos meus sentimentos, sem me refugiar na ficção para que a realidade não pareça assim, tão sem graça, tão sem abraços, tão irrisória. Tão sem você.

Há um descompasso em meus passos, um passado que se faz constantemente presente em minha vida. Às vezes, me perco tentando decifrar de que tanto você corria e se aproximava, de que tanto você sonhava e colocava os pés no chão, de que tanto você se escondia e se mostrava. Tais segredos eram o mistério sublime que existia entre nós e me lembravam a vida. “A gente foi feliz”, “a gente era um casal”, “a gente se amava”, “a gente se divertia juntos”. Não foi fácil aprender a conjugar “você” no passado.

Sei que você prefere não me encontrar, mas eu encontro você em tantos lugares! É você quem me dá a mão quando estou com vontade de chorar, é da sua mania de ajeitar a franja do cabelo que ainda acho graça, é com você que caminho na praia nas tardes de verão. É ao seu lado que vou às compras, é o seu olhar que me reprova quando deixo de acreditar em mim mesmo, é a sua mão que seguro para atravessar a rua, é ao seu lado que gosto de observar as coisas mais sublimes da vida. Você insiste em não me ver, mas eu vejo você o tempo todo.

Portanto, neste um ano de ausência, você é presença. Lamentavelmente, foi preciso te perder pra que eu pudesse me encontrar, foi preciso que eu me desviasse do seu olhar pra conseguir encarar o meu. Te amo sim, talvez pra sempre, mas já compreendi que o que não foi não tem o direito de impedir o que ainda pode ser. Meu amor por você é tão cheio que de vez em quando se esvazia, só para caber sempre aqui dentro.

Mesmo sentindo tudo isso, estou me libertando daquela vontade louca de ouvir sua voz, daquele desespero de que seja você quando o telefone toca. Já desisti de esperar por uma pessoa cuja ausência me faz companhia.

3 comentários:

  1. "Mesmo sentindo tudo isso, estou me libertando daquela vontade louca de ouvir sua voz, daquele desespero de que seja você quando o telefone toca. Já desisti de esperar por uma pessoa cuja ausência me faz companhia"
    você sabe pq essa acabou sendo minha parte preferida né ...
    um ano passa tão rápido ...
    bom, ja tinha lido essa, e na primeira vez me emocionei bastante, pelo fato de tê-la encaixado nos meus sentimentos, naqueles dias, hoje não sei o que houve, mas não foi a mesma coisa. mas ela continua linda, e forte. dá pra sentir a sua emoção quando escreveu.
    imensas saudades (L)

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  2. Nosssaaaa... nao tenho nem palavras, msm ficando um tempo ausente, nao perco o carinho q tenho por vc, e vc nao perde o poder de me surpreender..
    Me arrepio ao ler suas palavras, que cismam em descrever meus sentimentos..

    Olha que incrivel.. estou fazendo aniversrio de 1 ano de ausência!!

    Amo mt vc.. e suas belas palavras..
    desculpa nao ter vindo antes!

    (Bárbara Terra)

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  3. irmão,
    andei meio sumido
    mas é que tava tentando resolver as coisas a meu modo ..
    mas infelizmente MAIS UMA VEZ não deu certo !
    então vou tentar viver segundo o vento e o destino me levarem !
    bom, essa eu ja tinha lido e me fez chorar e lembrar de cada sentimento e cada momento que eu ja havia vivido, porém ..
    infelizmente " nada vai ser como costumava ser " (8) ..

    mas como eu havia dito da primeira vez,
    essa é uma das que mais me identifiquei se não a que eu mais me identifiquei MESMO !
    então Parabéns !
    e sempre que precisar,
    sabe que pode contar SEMPRE ;D

    se cuida o/
    =D

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