quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sobre promiscuidade

Nos últimos dias, o nome do deputado federal, Jair Bolsonaro, tem estado – merecidamente, diga-se de passagem – na boca do sapo. O motivo de tanto estardalhaço são as declarações com alto teor de racismo e homofobia que ele vem disparando. O político ofendeu a cantora Preta Gil em plena rede nacional e, como se não bastasse, feito criança pirracenta, bateu pé, insistindo que sua posição está correta. Bolsonaro perguntou à Preta quem ela era pra falar sobre promiscuidade... Agora, deputado, sou eu quem o questiono: quem o senhor é pra falar de promiscuidade?

Promiscuidade é o que muitos seres da sua laia fazem com o poder que tem em mãos, transformando um bem de todos num privilégio para poucos. Chamo de promiscuidade a venda da moral e da verdade, comércio que acontece, livremente, nos bastidores do congresso que o senhor Bolsonaro costuma freqüentar. Qualquer tostão paga o silêncio, qualquer centavo passa a conta pro povo pagar – e caro! – por tanta safadeza, vivendo sem dignidade nem condições básicas de Saúde, Educação e Desenvolvimento. O preço do desvio de verbas e dos cargos fantasmas dói no bolso de quem não tem nada a ver com essa sujeirada toda. Isso, sim, é promiscuidade.

Os políticos brasileiros estão longe de ser exemplo, pois boa parte deles não hesita em corromper a democracia do país, manchando com vermelho-sangue o verde que devia ser de esperança. A imensidão do azul-anil é assassinada pelo preto-luto, escuro que cobre toda extensão da bandeira nacional quando escândalos e quantias armazenadas em cuecas matam os sonhos da nação, sonhos esses simples, sem grandes pretensões: apenas os de ver um Brasil sem a face deformada, um país sem grades nas leis, um Brasil que não nos assuste quando mostrar sua verdadeira cara.

Ó, deputado Bolsonaro, que grande piada o senhor contou! Enquanto vossa excelência se preocupa em exterminar a moral de negros e homossexuais, seus colegas de bancada fazem a festa, os bandidos assopram vidas nos morros, no exato momento em que a podridão do sistema produz, em série, novos indivíduos que nem chegarão a se tornar seres humanos. Não se preocupe tanto com os afros-descendentes e com os gays, há tantos assuntos mais relevantes esperando pela sua atenção, como, por exemplo, a implementação da Comissão da Verdade, que terá como objetivo esclarecer casos de violação de direitos humanos (entre eles, torturas, mortes, desaparecimentos e ocultação de cadáveres), ocorridos entre 1946 e 1988. Ah, não, me esqueci que o senhor apóia e faz apologia à Ditadura Militar.

Apoiar a morte de inocentes, fomentar a agressão de filhos “meio gays”, se pronunciar a favor do assassinato de mais presos no extinto Carandiru, defender a pena de morte, adotar métodos de tortura para corrigir indivíduos que o senhor, com sua omissão, ajuda a colocar no tráfico de drogas, enfim, todas essas posturas adotadas, por vossa excelência, é que são sinais de promiscuidade.

Um comentário:

  1. Bravíssimo, amigo, como já disse em outras situações, o lugar de seres despresíveis como esse deputado que está no poder onde deveria estar representando o povo é no chiqueiro, de preferência longe dos porcos, para que sua sujeira não os contamine.

    Mayara Albano

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