domingo, 7 de junho de 2009

Até amanhã

Toda noite, quando o sol se esconde e repousa seu brilho entre as colinas do oeste, a noite se revela trazendo aos corações mais inquietos a necessidade de pensar. A cada dia que chega ao final para cada um, nos despedimos uns dos outros com uma saudação: “Até amanhã”. O empregado diz ao patrão, o namorado diz à sua amada, o filho diz para seus pais, o amigo diz ao irmão, o aluno à professora... Todos, quase sem exceção, despedem-se com a intenção de deixar para amanhã o que a falta de tempo encarregou-se de empurrar pra frente. Mas, o que terá ficado dele se o amanhã não vier? O que ela deixará esquecido se a semana que vem não chegar?

Se eu soubesse que essa seria a última vez que eu digito uma crônica, trataria de dizer tudo que costumo deixar nas entrelinhas. Seria mais claro, objetivo, direto. Usaria menos palavras difíceis e mais verbos populares. Se ela certeza de que hoje é a última vez que vê seu amor, deixaria ainda mais claro o quanto o ama e a extrema necessidade que sente das palavras na hora certa e dos beijos na hora errada. Faria questão de abraçar mais tempo, de brigar menos, de sorrir mais e rogar uma prece ao Senhor para que a vida continuasse seguindo seu ritmo normal. Seria ainda mais romântica do que o usual.

Se eu imaginasse que nunca mais veria meu amigo sair pela porta da minha casa, eu o chamaria de volta, insistiria para que pasasse ao meu lado mais algumas horas, ao menos para que tivessemos a certeza de que o coração continuava batendo na posição e ritmo corretos. Se eu pensasse na possibilidade de não ver mais a minha mãe, esclareceria que as imcompreensões muitas vezes são geradas pelo maior amor do mundo e agradeceria profundamente pela forma sincera e intensa com que ela se dedica a mim.

Talvez eu dizesse algo também ao meu pai, ou quem sabe deixaria que o silêncio guardasse consigo os mistérios dos últimos momentos. Gritaria pelas praças, revelaria todos os segredos do viver ou decidiria levá-los todos comigo, calados. Correria rumo a pessoa que amo, sentiria o vento tocar o meu rosto e deixaria que levasse de mim a última lágrima que eu deixaria escorrer. A possibilidade de estar aqui para fazer algo pela última vez é dolorosa e assustadora, mas por que não a utilizamos para melhorar o viver?


Se nos dedicássemos uns aos outros como se fosse a última vez, mais “eu te amo” seriam ditos sem a certeza duvidosa de que a pessoa já sabe disso, mais perdões seriam distribuídos, mais brigas seriam evitadas, mais felicidade existiria, menos ódio habitaria no coração dos humanos... Ufa! É como diria Millôr Fernandes: “Goze. Quem sabe essa é a última dose?”. Se é bom, gostoso, faça logo... Amanhã pode ser ilegal.

5 comentários:

  1. me desculpe pelas palavras, mas... PQP ein!!!
    que cronica é essa???
    PERFEITA amigo!!!
    vc, cada dia conseguindo se superar e escrevendo melhor ainda...
    disse TUDO aí na cronica...
    TE AMO!!!

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  2. nossa, eu morro de medo de ir embora de verdade e não falar/fazer/deixar tudo o que eu quero de verdade.

    adoreiii (L)

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  3. É mt importante viver cada diiia intensamentee e fazer q seja inesqueciveeel. Viver o presente é mt boom, o futuro, o amanhã ninguém sabe!
    Amigoo amei mais uma vez! ♥

    Pedrinho

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  4. PQ ENTÃO NÃO VIVER HOJE, SEM DEIXAR NADA PARA O AMANHÃ?
    PQ SOMENTE PENSAMOS EM O QUE VAMOS FAZER SE O AMANHÃ NÃO CHEGAR? PQ NÃO FAZER O QUE QUERO, NA HORA QUE QUERO E COMO QUERO?
    AMEI SUA CRÔNICA AMIGO...MAS SABE DE UMA COISA, QUE POSSAMOS FAZER HJ AO NOSSO PRÓXIMO, TUDO AQUILO QUE QUERO QUE FAÇA COMIGO!
    PARABÉNS POR SEU TALENTO, SUA FORÇA, SUA LUZ E ACIMA DE TUDO, PARABÉNS POR SUA DIVINA INSPIRAÇÃO! TE ADMIRO DEMAIS!
    BEIJOS, TE AMO.

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  5. AMIGO, ME PERDOE ESQUECI DE ASSINAR MEU COMENTÁRIO. GRAZIELA BAGALHO.

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