sexta-feira, 20 de junho de 2014

A gente de tricot

Entrei no seu perfil para acompanhar as notícias mais recentes e (surpresa!!!) vi que a minha assinatura foi cancelada. Assim mesmo, sem cartas, sem bilhetes, sem telefones com atendentes de telemarketing fazendo cobranças, sem o coração deixando a chamada cair. Olhei na caixinha do correio para conferir, saber se, por ventura, não havia algum engano. Não havia. Não há. Só lembranças velhas, as nossas. De novo, só mesmo esta saudade, não de ler as notícias de hoje, mas de fazer parte daquelas de ontem.

Desfazer uma amizade não é apenas um click sobre o botão qualquer de uma maldita rede social. É se desfazer um pouco também de si mesmo, desfazer as malas, esquecer as viagens, desfazer os sonhos, e desfazer-se ao mesmo tempo da vida. Desfez-se a nossa história, desfiz-me eu um tanto mais, desfizeram-se um bocado os dias de sol. Só não se desfaz o arrependimento, a vontade de desfazer o que foi feito com a gente. Quantas desfeitas em nosso caminho!

Agora, mesmo desfeito o nosso elo, não saberei – e nem quero – me desfazer do que ficou. Botei tudo numa caixa, fotos e recordações, momentos e um cheiro de fim de tarde, o aroma de um café que tomamos juntos e a última lágrima minha que caiu no seu ombro. Guardei tudo, não ficou de fora sequer um alfinete, aliás, botei na caixa até a agulha com que tricotávamos nossas alegrias, a mesma que, hoje, foi utilizada para espetar o balão e estourá-lo. Puft! Caí do alto, com toda força, e me esborrachei no chão desfeito, desfez-se a sensação de estar nas alturas, desfizeram-se os nossos voos juntos, as nuvens… Desfiz-me eu, para sempre, um pouco mais.

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