Desfazer uma amizade não é apenas um click sobre o botão qualquer de uma maldita rede social. É se desfazer um pouco também de si mesmo, desfazer as malas, esquecer as viagens, desfazer os sonhos, e desfazer-se ao mesmo tempo da vida. Desfez-se a nossa história, desfiz-me eu um tanto mais, desfizeram-se um bocado os dias de sol. Só não se desfaz o arrependimento, a vontade de desfazer o que foi feito com a gente. Quantas desfeitas em nosso caminho!
Agora,
mesmo desfeito o nosso elo, não saberei – e nem quero – me desfazer do que
ficou. Botei tudo numa caixa, fotos e recordações, momentos e um cheiro de fim
de tarde, o aroma de um café que tomamos juntos e a última lágrima minha que
caiu no seu ombro. Guardei tudo, não ficou de fora sequer um alfinete, aliás,
botei na caixa até a agulha com que tricotávamos nossas alegrias, a mesma que,
hoje, foi utilizada para espetar o balão e estourá-lo. Puft! Caí do alto, com
toda força, e me esborrachei no chão desfeito, desfez-se a sensação de estar
nas alturas, desfizeram-se os nossos voos juntos, as nuvens… Desfiz-me eu, para
sempre, um pouco mais.
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