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A todo custo, os meninos tentavam controlar a altitude e a direção das pipas, que ziguezagueavam pelo céu, nem sempre correspondendo aos estímulos, nem sempre indo para onde devia. Havia momentos em que, por mais que eles dibicassem para a esquerda, o losango colorido insistia em ir para a direita. Metaforicamente, assim também são nossas vidas: agarradas a uma tênue e delicada linha. Basta desenrolar demais nossos carretéis e... avoamos.
Em busca de aproveitarmos cada vez mais nossa liberdade, damos linha em excesso a nossas vontades e sonhos, sem ponderar, antes, a que telhados eles poderão nos levar. Existem diversos perigos espalhados pelo céu por que passamos, pessoas que passaram cerol em suas línguas e, consequentemente, podem nos cortar com suas palavras. Desconsiderando isso, avançamos, cegos, para altitudes em que, posteriormente, não conseguiremos mais nos alcançar. Um simples descuido e a linha se vai de nossas mãos.
Somos pipas que acreditam que quanto mais alto melhor, ignorando singelezas que acontecem no baixo e nos impulsionam para cima. Temos a intenção de alcançar as nuvens e, para isso, dibicamos nossos amores e relações com o máximo de rapidez possível, na esperança de que, assim, possamos logo chegar à imensidão de nossa liberdade. Nessa correria, ocorrem emboladas e, sem rumo, os papagaios, antes belos e imponentes, se perdem nos telhados do mundo.
De onde estou agora, olho e vejo muitas vidas que avoaram. Para essas, o amor que reconstrói será preciso, na expectativa de que, recuperadas as rabiolas e colados os rasgos, elas consigam voltar ao céu.
Altitude nem sempre é sinônimo de vitória. Uma pipa realiza um belíssimo vôo quando seu controlador reconhece suas limitações e cuida para que o excesso de hoje não se torne a economia de amanhã. Temos a linha em nossas mãos. Se avoarmos, não será por falta de liberdade, e sim por excesso dela.
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