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Se ainda fosse ontem, eu não dormiria sem lhe enviar dezenas de mensagens, até que sua caixa de entrada se entupisse de sentimentos manifestados. Quem sabe, assim, hoje haveria um estoque de carícias verbalizadas, guardado em algum lugar, e ele seria capaz de banir o silêncio, de acabar com o estrago que as palavras não ditas têm nos feito. Eu lhe chamaria para diversas baladas, e dançaríamos juntos o triplo do que já fizemos. Seríamos nós dois, apenas, seduzidos pelo piscar das luzes, e lá, entre uma batida e outra, nos reconheceríamos novamente. “Do you wanna dance?”, você me perguntaria. Sem titubear, eu responderia que sim, sem precisar lembrá-lo que um sonho a mais nunca nos fez mal.
Se ainda fosse ontem, você não teria confiado tanto nos meus ímpetos, pois já saberia que alguns desvarios nos custariam essa explosão. Já eu, bom, eu seria humilde o suficiente para lhe pedir somente o necessário, para não obrigá-lo a carregar além do que os seus ombros eram capazes. Não vê o estado em que seus braços estão neste momento? Quase incapazes de me acolher, de tanto que o fizeram quando não podiam. Para que o futuro não nos fosse uma ameaça, como me parece agora, eu cantaria mil vezes mais a nossa música, repetiria um zilhão de vezes aquele refrão, para que os versos da poesia que nos uniu não se perdessem. Eu não precisaria chorar, pra rimar com amar, como estou fazendo agora.
Se ainda fosse ontem, eu olharia pela janela e ficaria ansioso pela sua chegada, choraria por cada briga que nos apartasse. Guardaria meus mais preciosos segredos para lhe dizer ao pé do ouvido, e os trancaria, dando-lhe a chave em seguida, para que só você fosse capaz de tentar desvendá-los. Eu leria mais livros, te chamaria para escrever histórias comigo, não desafiaria o futuro, mas, sim, o convidaria a bailar com a gente, para que jamais fossemos vencidos por ele.
Se ainda fosse ontem, eu não amanheceria tão triste, minhas lágrimas não molhariam as nossas fotos, nem haveria tantas histórias não contadas me sufocando. Porém, já é hoje. O tempo passou e acalmou nossos abraços, os meses chegaram trazendo os cadeados, o futuro se apresentou como um carrasco, prestes a decretar a escravidão do passado. Já é hoje e eu não te encontrei, já é hoje e ainda parece ontem. Já é dia, mas, impossibilitado de amanhecer, ainda me sinto noite.