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“Faltava um suspiro para que um ano acabasse e começasse outro. Invenção humana para vender calendários. Afinal de contas, decidimos arbitrariamente quando começam os anos, os meses e até as horas”, diz o autor logo no início da obra. Bingo! Ele tem toda razão. Um novo ano começa cada vez que nós desaprendemos o velho receio de mudar.
Com o desenrolar da história, a vida de Samuel começa a ser modificada por gestos que pareciam ínfimos, mas que se agigantam diante da carga de relevância que acabam revelando no futuro. É a isto que o autor chama de amor em minúscula.
“Entendi de repente que nosso futuro depende de atos tão mínimos quanto o de alimentar um gato ou comprar uma ferrovia de brinquedo. [...] ‘Amor em minúscula’, pensei, ‘esse é o segredo’”, descobre o protagonista em um dos pontos cruciais da narrativa.
Em um mundo que nos parece tão imediatista, onde encontrar o amor em minúscula que nos torna gigantes? Em uma realidade em que as pessoas se fazem “tão” presentes pelo Orkut, MSN e e-mail, como escapar da ausência de si mesmos? O que nos compensará? Instantes sublimes que não têm tamanho.
Uma palavra que fez com que um amigo não desistisse de prestar o vestibular, uma briga boba que fez com que vocês escapassem daquela solidão em que viviam, um olhar banal que os juntou por tanto tempo, um abraço que libertou sua mãe da depressão, uma verdade que salvou seu irmão de uma vida mentirosa, uma atitude bondosa que livrou alguém da morte dos sonhos. Tudo isso são formas minúsculas capazes de escrever um verdadeiro amor.
A vida, nossos anos e minutos são determinados por algo que quase sempre passa desapercebido ao nosso olhar, que acaba vendo importância apenas nas coisas que nos parecem grandes. E assim, buscando atitudes grandes apenas na aparência, seguimos nos tornando cada vez menores.
O que esperar de um novo ano? Que a gente aprenda que o amor mais maiúsculo do mundo pode estar contido em gestos muito singelos. Se for pra ser grande, que seja no tamanho do abraço, na intensidade do amor, no carinho de um beijo, na ternura de um olhar, na compreensão com o outro, no perdão imensurável.
Em tempos onde quase ninguém se olha nos olhos e prazeres fúteis são cada vez mais taxados como urgentes, só mesmo torcendo e se esforçando para que a gente se torne grande através de amores em minúscula que, na verdade, não têm tamanho.