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O DVD do longa foi lançado em 2001, mas esta é uma daquelas tramas que são eternas pela forma como se desenham na tela: parecem nos transportar para dentro do enredo e, quando notamos, já estamos tomados pela emoção das personagens. Muito mais do que a partilha de um imóvel, o filme traz à tona a trajetória de cada uma daquelas irmãs que, sem dúvidas, tinham muito mais a partilhar do que apenas um apartamento velho.
Em um dado momento da história, Selma, irmã interpretada por Glória Pires, trava uma árdua conversa a cerca do futuro daquela família com Maria Lúcia e Regina, respectivamente encarnadas por Lília Cabral e Andréa Beltrão. Em meio aquele momento de revelações e conflitos, Selma dispara: “O livro das nossas vidas tem vários capítulos em comum”.
Quando ouvi isso, não me restaram mais dúvidas quanto a verdadeira partilha que aquele filme abordava: a partilha de nós mesmos.
Desde muito cedo somos ensinados que partilhar o lanche com os amiguinhos na escola é importante para que nosso convívio social se torne mais fluente e agradável. Não sei onde isso se perdeu, mas sinto que as pessoas vem deixando cair pelo caminho o libertador hábito de partilhar as páginas de suas vidas com os amigos, permitindo assim que outros personagens surjam e dêem adeus ao longo da trama de suas próprias biografias.
Deixar de partilhar a vida também é uma pequena morte.
Partilhar um livro bacana que leu na semana passada, um lugar interessante que visitou no último feriado, uma praia deserta que descobriu por acaso, uma praça escondida importante para nós. Partilhar conselhos, crises, alegrias, emoções, encontros e despedidas. Partilhar o desejo de seguir em frente, o medo que tudo isso dá, o desespero pelos que negam a si próprios, a emoção de poder contar contigo.
Partilhar segredos silenciosos e verdades escandalosas. Partilhar o que ninguém vê, mas é tão precioso. Partilhar o pouco que temos guardado, mas que, somado a zero, torna-se vazio.
Voltando ao filme, quando as irmãs acabam de vender o apartamento, Regina conclui a cena, dizendo: “Agora é que começa a verdadeira partilha”.
A verdadeira partilha de nossos dias acontece a todo momento. É preciso que estejamos atentos para que nosso egoísmo não nos tape os olhos. Deixar de partilhar o valioso tesouro que trazemos guardado dentro é impedir que tanta riqueza faça toda diferença fora.