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Quando eu estiver chorando, tranquilamente, me deixe. Minhas lágrimas são honestas, no entanto, têm um pouco de medo de escorrerem livremente em público. Meu choro quase sempre se dá depois de um longo período de estiagem dentro, quando o sol não consegue penetrar pelos meus olhos e atingir onde está seco e árido. Aí está o milagre: a água que jorra de mim nasce de terras inférteis. Renovo-me onde quase todos se perdem.
Quando eu pedir algo, calmamente, analise. Nem sempre tenho a capacidade de pedir o que preciso de verdade. Não é costumeiro, mas de vez em quando me esqueço onde guardei meus sonhos e não sei por onde começar a buscá-los. Tranco portas de entrada e saída e, sem dúvidas, isso me prejudica, pois não dou liberdade a quem quer se retirar e nem permito que algum viajante entre e encontre morada onde há bastante espaço para ele. O pior mesmo acontece quando me perco nos burburinhos de fora e não consigo mais ouvir o silêncio de dentro.
Quando eu estiver feliz, euforicamente, aproxime-se. Como bem escreveu Clarice Lispector, “uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o”. Portanto, não me deixe perder o ânimo de encontrar minhas alegrias mais cotidianas, ainda que elas insistam em se desviar de mim. E, quando meus olhos cegarem, me ajude a enxergar novamente o brilho contido nas pequenas coisas. Tenho certeza que todas elas contém um grande significado: basta doçura para percebê-lo.
Todos necessitam de algo que quase sempre não fica explícito em suas atitudes. É preciso sensibilidade para enxergar o que nosso amigo realmente quer, para notar o choro contido do marido, para dividir uma alegria honestamente com o namorado sem ter o desejo de contê-la. A sutileza é da mesma família da grandeza, da simplicidade, da humildade, da educação, do respeito... É lamentável que essas irmãs estejam tão órfãs nos dias de hoje.